Friday, November 17, 2006

Semana passada vi no supermercado duas crianças, de no máximo 10 anos cada, fazendo compras sozinhos. Iam com uma listinha na mão dividindo as tarefas entre si e enchendo o carrinho de produtos. Fiquei envergonhado em imaginar que duas crianças israelenses, que nem Bar Mitzva fizeram ainda, já tem, provavelmente, mais experiência que eu em fazer as compras do dia a dia do lar sozinhos.

Essa cena pode parecer um tanto surpreendedora, mas não é nem um pouco rara por aqui. É muito comum ver nas ruas de qualquer cidade grande de Israel, crianças com mais de 8 anos pegando ônibus de rua sozinhas pra voltar pra casa do colégio. Certa vez, voltando de Eilat a Jerusalem de ônibus (mais de 4 horas de viagem), vi um pai "entregando" 3 crianças ao motorista dizendo que elas saltariam no ponto final. O mais velho, devia ter uns 9, era responsável pelo de 6. Tocaram uma zona fudida, é verdade, mas chegaram tranquilamente e da estação em Jerusalem se viraram pros seus destinos. Me lembro perfeitamente, que no meu terceiro ano do segundo grau do colégio, eu tinha uma amiga que a mãe ainda não deixava pegar ônibus sozinha pra voltar pra casa. Era taxi ou motorista. Ok, pode ser uma exceção, mas será que é tão distante assim da realidade?

Minhas primas israelenses, quando estão no Brasil, ficam extremamente incomodadas com o fato de que a empregada é responsável por tudo em casa: lavar, cozinhar, limpar, arrumar etc. Elas fazem questão de ajudar na cozinha, arrumar suas próprias camas e coisas desse tipo. Aqui não existe a cultura da empregada. No máximo uma faxineira uma vez por semana pra fazer a faxina pesada da casa. E assim o povo vai se educando.

E o Brasil continua engatinhando...

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